A cidade de Cassilândia se prepara para se tornar um dos principais polos da citricultura de Mato Grosso do Sul, com a previsão de 3,2 mil hectares plantados apenas neste ano, um avanço expressivo sobre os 800 hectares já cultivados. Esse crescimento não só fortalece o Estado como produtor de laranjas, mas também abre caminho para uma futura industrialização do setor, consolidando a região como uma nova referência na cadeia produtiva de citros.
Mato Grosso do Sul já planeja expandir a área plantada para 30 mil hectares e, quando alcançar 25 mil hectares, pretende viabilizar a instalação de indústrias de processamento de suco no próprio Estado, segundo o secretário estadual da Semadesc, Jaime Verruck.
Nova fronteira agrícola e o impacto do greening
A citricultura no MS se fortalece devido às condições favoráveis do solo e clima, além da migração da produção paulista para novas áreas menos afetadas pela doença do greening. “A citricultura vai bem nas áreas mais arenosas, com menor teor de argila, e isso é importante. Como a laranja está vindo com sistemas de irrigação, nós temos aí uma perspectiva de investimentos altos, mas com elevada produtividade. Além do clima, solo e áreas disponíveis, notamos em especial a migração de produção paulista de laranjas, em função da doença do greening”, explica Verruck.
Para evitar os impactos do greening, que já devastou plantações na Flórida (EUA) e atinge outras regiões produtoras, o governo estadual implementou uma política de tolerância zero contra a doença, proibindo a comercialização de mudas não certificadas e restringindo o cultivo de plantas hospedeiras, como a murta. “É fundamental que sejam plantadas apenas mudas certificadas e livres de contaminação”, destaca Karla Nadai, coordenadora de Citricultura da Semadesc.
O combate ao greening já conta com suporte da Iagro e da legislação estadual, incluindo a Lei nº 6.293/2024, que proíbe a murta por ser um vetor da bactéria que causa a doença. A fiscalização e conscientização da população são fatores decisivos para proteger os pomares e garantir a sustentabilidade da produção.
Cassilândia no centro das discussões sobre o futuro da laranja no MS
A cidade recebeu representantes da Semadesc, Iagro e da empresa Frucamp, além do prefeito Rodrigo de Freitas e secretários municipais, para discutir as estratégias para o avanço da citricultura. A laranja tem um ciclo de produção de 20 anos, com a primeira colheita ocorrendo após três anos do plantio e estabilização da produtividade em cinco anos.
Além de fomentar o setor agrícola, a produção de laranjas é altamente demandante de mão de obra, criando novas oportunidades para trabalhadores da região. “Vale a pena lembrar que o setor está gerando trabalho para pessoas daqui de Mato Grosso do Sul e de fora. A citricultura é altamente demandante de mão de obra”, enfatiza Verruck.
O prefeito Rodrigo de Freitas destacou a importância da iniciativa e reforçou o compromisso do município em consolidar Cassilândia como um modelo de desenvolvimento sustentável no setor.
Indústria de sucos no horizonte do MS?
Com a expansão das lavouras de laranja e a crescente consolidação do setor, Mato Grosso do Sul já discute a possibilidade de atrair indústrias de processamento de suco para dentro do Estado. Atualmente, grande parte da produção de laranja do Brasil é enviada para São Paulo, onde está concentrada a maior parte do parque industrial do setor.
O planejamento da Semadesc indica que, com o avanço da área plantada, Cassilândia e outras regiões produtoras podem se tornar estratégicas para a industrialização da laranja, agregando valor à produção e impulsionando a geração de empregos e a arrecadação estadual.